Wednesday, November 22, 2006

[Momento nostalgia]

Entre mensagens subliminares e confissões, tenho que admitir que sou uma dorminhoca de mão cheia. Durmo, mas durmo muito, principalmente quando estou sozinha, porque também sou paranóica o suficiente pra pensar que, dormindo demais com a pessoa que eu amo ao meu lado, é perder o tempo em que poderia estar olhando para ela.
Entre um soninho e outro minha mente vai além. Nunca me acorde, a não ser que você seja meu irmão. Ele é o único que sabe, realmente, quando deve me fazer sair dos sonhos para a triste realidade.
E assim foi hoje. Lá estava eu, me revirando entre cobertas, lençóis e travesseiros, quando a voz doce da infância se aproxima dos meus ouvidos pedindo para que eu ligue a televisão em um certo canal. Abro os olhos rapidamente e obedeço à inocente ordem. Ainda com a visão embaçada, sem entender o que acontecia, meu irmãozinho fala, com um sorriso no rosto iluminado e olhando para mim como se tivesse ganhado o presente de Natal desejado durante o ano inteiro: -Olha, mana!!! É aquele da tua época!!!
Surpresa estava eu, ao olhar para a televisão a abertura dos Thundercats. Sabe quando a personagem está para morrer, em um filme, e um "filminho" passa pela sua cabeça com momentos emocionantes da sua vida? Pois é! Senti algo assim.
Lembrei do apartamento simples que morei durante 14 anos da minha vida, lembrei do sofá verde (horroroso), do piso de parquet com peças soltas (e eu brincando com os buracos no chão), do adesivo do Juba&Lula grudado na parede da cozinha, da área de serviço 1,5x1,5m que para mim parecia enorme, das louças beges do banheiro e do degrau que dividia o box (onde eu tinha medo de escorregar e me cortar), da caixa de papelão que havia no meu quarto com a coleção de revistas Quatro Rodas do meu pai, da penteadeira da minha mãe, de quando compramos o vídeo-cassete e eu aluguei o filme dos DuckTales - os caçadores de aventuras -, da época que o prédio ficava com a porta aberta 24h e não haviam grades nas portas ou garagem, dos banhos de chuva, das brincadeiras na rua no verão até as 22h, da aventura que era dar uma volta na quadra, do pequeno “camelô” que fazíamos na frente do prédio (e vendíamos!!!), da venda de sacolé, de ir pra escola e levar lancheira com sanduíche e suco, da família reunida em volta da única televisão da casa assistindo programas “de família”, da alegria de ir para o Iguatemi e ter que passar pelo terreno baldio onde havia uma estradinha e uma pontezinha sobre uma vertente d’água, da falta de preocupações...
Quem poderia explicar ou traduzir tamanhas emoções que me envolveram em tal momento?
Uma lágrima está contida.

Saturday, November 11, 2006

Hoje posso dizer que estou completa.
Talvez não para sempre. Mas hoje estou.
Hoje posso dizer que sinto a pulsação.
Talvez somente por um minuto. Mas hoje sinto.
Hoje posso dizer que escrevo poemas.
Talvez palavras soltas. Mas hoje consigo.
Hoje posso dizer que sou eu.
Talvez só um pouco de mim. Mas somente hoje...
Só quem sente o que senti hoje poderá compreender.

Para meu amigo Rafael.

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